Ela faz o mesmo caminho todas as manhãs de casa ao trabalho.
Conhece por onde passar para fugir do sol escaldante das quase nove horas do
verão que está para chegar. Desvia dos bueiros e buracos na calçada da cidade
um pouco maltratada em alguns pontos das centenas de anos de sua história.
O caminho já é tão automático que ela se esqueceu de que
ele, que segura a sua mão, não tem a mesma lógica de trajeto que ela.
Ele não tem a mesma lógica para traçar os planos do dia, nem
os planos da vida.
Ele não tem o mesmo gosto musical.
Ele não gosta dos mesmos filmes.
Ele não come as mesmas coisas.
Ele não vê do mesmo jeito.
Ele não vive do mesmo jeito.
Tem jeito isso?
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